Contos

Wednesday, April 30, 2008

 
Em amarelo

Nem sempre viagens de férias são uma boa coisa. Na verdade nem sempre elas parecem boas num primeiro momento, pois geralmente a espera que as antecedem acaba sendo melhor do que elas em si. Viagens de férias possuem um significado quase mítico, pois são muito mais do que realmente parecem ser, não se trata apenas de um deslocamento físico para um lugar diverso daquele que nos habituamos a estar, e sim de um rompimento – temporário, claro – de nosso status quo, das rotinas estafantes do dia a dia, dos problemas que nos acometem da hora que acordamos até a hora que vamos dormir, isso quando não teimam em invadir nossos sonhos, sem pedir licença, e violarem nosso templo sagrado.

Dessa forma a expectativa é a que mais vale, pois ela não dura apenas o curto tempo da viagem, e sim todo o tempo que a viagem não dura. Fazemos projetos, lemos prospectos e trocamos idéias com conhecidos tentando encontrar a melhor viagem, o melhor destino, a mais perfeita fuga. E quanto mais ela se aproxima mais cresce a fantasia, de que aqueles poucos dias serão suficientes para nos tornar outras pessoas, como se o nosso hard disc fosse formatado e, com isso, desaparecessem as angústias e as dificuldades e, ao ser instalado um novo sistema em nosso cérebro, uma versão mais moderna e poderosa, tudo começasse do zero.
Claro que sabemos que não é assim que funciona, mas fingimos acreditar que dessa vez vai ser assim, que vai funcionar. E, ao final, mesmo que não aconteça exatamente assim, pelo menos para alguma coisa vai servir sim.
E pensando assim que eu me preparava para as minhas primeiras férias em quase dois anos, que era o tempo que estava trabalhando naquela empresa de peças de motores de caminhão. Um serviço maçante, cansativo e repetitivo, pois eu era responsável por cuidar do estoque de cada um dos pequenos itens que são necessários para montar os médios itens que virão, um dia em algum lugar, a compor um motor. Nem adianta me alongar no tema, pois é muito chato, totalmente diferente daquilo que um dia eu sonhava em fazer. Certo, eu não tinha muitas expectativas pois a falta de uma boa faculdade fodera com isso, mas pelo menos o salário era legal e me permitia um vida ok.
A sexta-feira estava por acabar, meu cartão ponto estava me chamando para ser batido e também tirar umas férias. Estava querendo era sair logo dali, pegar o ônibus até a minha casa, tomar um bom banho e esperar o Zé passar e me pegar. O Zé é um amigo de alguns anos, que também estava de férias – o bom em tirar férias em janeiro é que mais pessoas também estão, possibilitado uma viagem, não apenas dias enfurnado em casa, assistindo televisão e dormindo – e que me convidara para ir até a praia com ele e uma galera.
Eu não conhecia ninguém que iria, somente a sua namorada, que já vira algumas vezes, mas algumas vezes isso nem é o mais importante, já que o que mais vale é a desculpa e a possibilidade de transformar umas simples férias em uma viagem de férias. Ele comentara comigo que chamaria mais algumas pessoas, até porque ir para a praia de vela não estava nos meus planos para essa temporada.
Estávamos indo para alguma praia meio longe daqui, já que a namorada dele conhecia alguém que tinha alugado um pequeno apartamento para nós passarmos uma semana longe da vida da cidade grande.
Saía do banho quando ele me ligou, estava passando aqui em uma hora. Sem problemas, uma vez que a mala já estava pronta desde ontem e assim o tempo era mais que suficiente para terminar de me arrumar, comer alguma coisa e esperar com calma.
Duas buzinadas era o sinal que eu estava esperando para deixar a rotina cinzenta e embarcar rumo à novidade ensolarada. No carro, apenas ele e a namorada.
- Vamos para a praia então? – perguntou-me ele retoricamente, uma vez que a resposta era óbvia.
- Sem dúvidas! Mas me diz, não vai mais ninguém?
- Pois é, iam duas amigas da Mariana (em tempo, a namorada do Zé) mas elas furaram. Amanhã descem outros dois casais de amigos, pelo jeito você vai ficar meio sobrando, cara.
É, quando a viagem começa, muito do encanto dela começa a ser desfeito, eu só não esperava que seria tão rápido, visto que o carro mal dera a partida. Será que teria embarcado numa furada? Bem, preferia não pensar assim, uma vez que pior do que ficar trabalhando em dias ensolarados de verão não tinha como ser.
Chegamos num pequeno apartamento em uma cidade pequena, que provavelmente não teria muito o que proporcionar para um solteiro numa casa infestada de casais. Mas, à primeira vista, o local até que parecia agradável, dois quartos, um com cama de casal e outro com duas beliches, porém, pela disposição acertada, me sobrava um colchão espremido no chão da sala. Paciência, pensava eu, não é para ser tão ruim.
O trânsito estava pesado na descida e, somado com a semana pesada de batente, fez com que eu decidisse dormir cedo. Apesar de poder dormir uma noite no outro quarto, decido me acostumar logo com meu espaço ao pé da janela e ficar por lá.
Os primeiros raios de sol do meu primeiro sábado de férias tinham um destino certo, o meu rosto, ao passarem por um pequeno vão da janela. Virei-me para um lado e depois para outro, tentando fugir deles, mas estava difícil, a claridade realmente queria me dar as boas vindas e, resmungando um pouco, resolvi agradecer e fazer a minha parte, ou seja, acordar e me levantar.
O Zé ainda estava dormindo com a patroa então vesti uma roupa praiana e saí para comer algo e conhecer o local. Como já tinha percebido na noite anterior, era uma praia pequena, alguns pequenos prédios de três andares – como o que estávamos – e outras casas, a grande maioria simples. O comércio se limitava a algumas lojas de bugigangas, uma padaria, dois restaurantes e uns três ou quatro botecos.
A praia em si, por outro lado, era muito bonita e, incrivelmente para a época, tranqüila. Areia clara, mar azul, delimitadas por duas fileiras de pedras, uma de cada lado. Bem, pensei eu, já que não daria para aproveitar como curtição as férias, pelo menos eu descasaria e aproveitaria bastante a natureza.
Só não sei se era isso que eu queria. Porra, eu sou um cara de 26 anos, solteiro, depois de dois anos sem férias, numa viagem à praia em pleno verão, numa semana ensolarada e, o mínimo que eu esperava eram algumas garotas e muitas latinhas de cerveja, se bem que eu não reclamaria se as cervejas fossem apenas algumas, desde que as garotas passassem a serem muitas.
O duro é que uma breve caminhada pelo local – que, pelo tamanho, permitiu que eu conhecesse de ponta a ponte – pôs por terra minhas esperanças. Alguns casais e diversas famílias, era só o que eu consegui observar. Fodeu, o jeito vai ser aceitar a situação e dançar conforme a música, pra não me estressar.
Conforme eu já estava achando, o resto do dia foi de uma tranqüilidade irritante. Os outros dois casais chegaram, pessoas legais, preciso admitir, mas não era a mesma coisa que pessoas solteiras e dispostas a curtir. Ficamos algumas horas todos sentados na areia, bebendo e conversando, mas eu me sentia incomodado. Tanto que, à noite, eles todos resolveram sair e me convidaram.
Recusei, polidamente, com alguma desculpa idiota e eles, claro, não insistiram já que o primeiro convite tinha sido mais por educação que qualquer outra coisa. Resolvi dar outra caminhada pelo local, para ver se a passagem daquelas horas, desde a manhã até agora, me trariam algum surpresa agradável. Quem me dera, meus amigos, quem me dera. Acabei a noite sentado num banquinho à beira da areia, tomando cerveja e vendo algumas crianças brincando. E fui dormir cedo.
Já escaldado pelos raios que com certeza me daria novas boas vindas, mudei meu colchão de local o que, se não resolveu o problema por completo, ao menos abreviou meu calvário, de mais um dia de sol sozinho numa praia no meio do nada.
Mas se não era o sol, foram as mulheres que me acordaram. Não, pode ter certeza que essa frase não foi dita da maneira que eu gostaria, foram sim as mulheres namoradas dos caras que lá estavam, ávidas por chegarem cedo à praia e tomarem sol. Incrível como as pessoas quando namoram vão pra cama cedo e, conseqüentemente, têm pique para acordarem cedo. Incrível e desagradável, pelo menos pra mim.
Fiquei ainda algum tempo vendo se conseguia pegar novamente no sono, mas nem consegui, não me restando outra alternativa a não ser acordar também. Só que dessa vez eu não estava com saco para ir com eles, esperei um tempo até todo mundo sair e fui sozinho.
Fiz um pequeno desvio para evitar o pedaço onde eles estavam, não tava muito a fim de papo, e pus-me a andar na beira do mar. Não era uma coisa ruim, eu gostava disso, me aliviava, relaxava. Se bem que eu queria um pouco menos de “relaxar” nesses dias.
Caminhei até perto das pedras, na extremidade oposta de onde a cidade se concentrava e, para descansar um pouco, resolvi sentar na areia. Dono absoluto daquele pedaço, olhando para aquela imensidão azul, onde o final do mar se confundia com o inicio do céu, acabei por me perder em meus próximos pensamentos. Só fui despertado por uma voz chamando-me:
- Ei amigo, tudo bem?
Era um homem, por volta de seus 30 anos, chamando a minha atenção. Demorei alguns segundos para retornar ao planeta Terra, e olhei-o, esperando pelo que ele queria.
- Você vai ficar por aqui mais algum tempo? – Estranhei a pergunta, mas confirmei, afinal não tinha nenhum outro plano.
- É que eu quero entrar no mar com a minha namorada, será que a gente poderia deixar nossas coisas aqui do seu lado.
Falei que não tinha problema algum, e ele colocou na areia dois pares de chinelos e uma sacola, que provavelmente conteriam tralhas usuais em um local como esse, tais como toalha, protetor solar e mais algumas coisas.
Achei esquisito aquilo, pois cada vez menos as pessoas confiam umas nas outras e eles me pediram, um completo estranho, para cuidar de suas coisas. No fundo achei aquilo bacana, não sei se o fato deles confiarem em mim ou a credulidade deles.
Cerca de meia hora depois eles retornaram e me agradeceram. Disse que não tinha sido nada e ele perguntou se tinha algum problema sentarem ali um pouco.
Estava meio de saco cheio de casais, mas também é foda ficar o dia inteiro sem conversar com ninguém e começamos a conversar. Ele se chamava Celso e ela Michele, e eram noivos. Ela era bonitinha, tinha 28 anos, loira, não era magra, mas mesmo assim gostosinha. O que mais me chamara atenção foram seus peitos, grandes, apesar de bem protegidos por um biquíni conservador.
Mas ficou por isso a secada. Conversamos mais um tempo e me contaram que vieram sozinhos, descansar por uns dias e estavam numa casinha meio afastada da parte “agitada” da cidade. Talvez por estarem somente os dois, me convidaram pra tomar uma cerveja mais tarde em um dos botecos da cidade e eu, nessa hora, já tinha apertado o botão do foda-se e, pelo menos, os dois pareciam mais legais que os manés do meu apartamento.
Fui pra casa, tomei um banho e, mais ou menos na hora combinada, pintei por lá. Eles já tinham chegado e na mesa tinha uma garrafa de cerveja e dois copos pela metade. Sentei-me, pedi um copo e outra garrafa e retomamos o papo. Conversa vem, conversa vai, eles me perguntaram se eu conhecia bem as redondezas. Disse que não e perguntaram se no dia seguinte eu não estava a fim de conhecer uma praia que existia do outro lado das pedras que estávamos hoje. Segundo eles, era ainda mais calma que essa e também muito bonita. Na falta de coisa melhor pra fazer, topei e acertamos os ponteiros.
Mais uma vez eu esperei todo mundo sair de casa e então fui para o encontro de meus novos amigos. Já que estava cada vez mais difícil – pra não dizer impossível – conseguir uma foda por lá, decidi aumentar meu círculo de amizades, mesmo que isso significasse mais um casal.
Novamente eles já estavam no local, e fomos ao nosso destino. Eu nem imaginava que após aquelas pedras pudesse existir alguma coisa, muito menos uma outra praia mas, depois de uma breve e chata escalada, vi um local bem bacana. E o mais estranho ainda foi que não tinha realmente ninguém naquela praia. Tá certo que ela era pequena, quase não havia construções e que o único acesso era por aquelas pedras, mas eu sempre imaginei que o povo adorasse essa coisa de praia selvagem e inexplorada, e que não havia mais nenhuma incólume.
Cientes do fato de que nem os vendedores ambulantes passavam por lá, o Celso tinha trazido uma bolsa térmica com algumas latas de cerveja e me deu uma, assim que sentamos. Na real, não tinha muita diferença lá da outra que eu estava, com exceção das crianças que eu não via correndo.
Nós já estamos nos acomodados bebendo quando a Michele tirou a camiseta que vestia, porém, por um instante, a parte de cima do seu biquíni foi junto, deixando à mostra seus dois peitos. Ela percebeu mas, se enrolando com a camiseta, demorou um pouco para colocá-los de volta ao local a que pertenciam, e esse breve momento tinha servido para chamar minha atenção. Fiquei meio sem graça e olhei meio de canto de olhos para o Celso que tinha visto o mesmo que eu, mas todos lá fingimos que nada aconteceu, nenhuma palavra foi dito.
Isso não teria nada demais para se dizer, nem mereceria ser contado aqui, se não fosse pelo fato que tinha sido a primeira vez de diversas. Ela deitava na esteira e na hora de se virar, eles escapavam. Ele se virava novamente e eles escapavam mais uma vez. Ela se espreguiçava e pronto, lá se vai mais uma escapada. E o engraçado é que a cada vez ela demorava mais para se recompor.
Com isso ficava complicado manter uma conversa com eles e fingir que nada acontecia. Poxa, cá estava eu, sozinho e solteiro numa viagem de verão, e aquela mulher cismava em mostrar os peitos bem ao meu lado.
Porém mais estranho ainda é que o Celso parecia nem ligar para o que estava acontecendo, ele olhava, mas não falava nada. Uma hora eu até percebi uma troca de olhares estranhos entre os dois.
Bem, chegara a hora de irmos embora, e o espetáculo acabara. Combinamos de nos encontrar amanhã na praia anterior, e dessa vez eu estava mais animado em ir. E com certeza, dentro de toda a minha secura, eu sonharia com aquele biquíni amarelo.
Sabem aquele jargão popular, que eu não lembro direito como se diz, alguma coisa sobre ficar mostrando comida para um morto de fome? É, assim que eu me senti nessa hora, vão pro inferno! Almocei qualquer tranqueira no caminho, pois já era tarde e eu tinha tomado cerveja até demais, e fui pro apartamento. Tomei um banho frio e resolvi ficar fazendo nada por lá, vendo televisão mesmo, afinal que merda havia pra se fazer por lá?
A noite, na minha vã esperança de algo mudar, saí para uma nova caminhada mas, por ser uma segunda-feira, estava ainda mais tranqüilo e parado que ontem. É, que viagem eu me meti!
Na manhã da terça-feira, estava eu de volta próximo às pedras, para encontrar meus novos amigos. Dessa vez eu fui o primeiro a chegar, por um tempo até achei que eles não viriam, mas chegaram. Se desculparam pelo atraso, culpa da Michele que tinha demorado para se trocar e tudo.
Desculpas aceitas, sentamos e continuamos a conversar. Deus sabe lá quanto assunto tínhamos, pois conversar era praticamente a única coisa que fazíamos. Falávamos de tudo, vida, trabalho, diversão, política, esportes e tudo o mais que valeria a pena, ou não. Mas nesse dia o que mais me interessava não aconteceu, pois ela tinha vindo com o mesmo biquíni do dia que os conheci, conservador e, principalmente, estático. Nada de escorregadelas, nada de exibições. Pena.
Mais um dia indigno de ser contado, chegou um momento que eu até fiquei meio de saco cheio de ficar por lá, perder a minha viagem de férias tão arduamente conquistada, com mais um casal, mas parecia que eles gostavam demais da minha companhia, pois um momento cheguei a dizer que iria embora, dizendo que estava com fome, e a Michele de adiantou em dizer para eu não ir, para ir com eles almoçar. Ok, não tinha coisa melhor pra fazer, então me contentava com isso mesmo.
Depois de quatro dias num local como aquele, já dava para conhecer cada esquina, cada casa, cada árvore, e isso me permitiu chegar à – triste – conclusão que a viagem seria decepcionante. Não iria tomar altos porres – a não ser sozinho –, não iria conhecer quase ninguém e, principalmente, não iria comer ninguém.
Conversa vai e conversa vem, o dia foi chegando ao fim e, quando achei que aquele triângulo amistoso já estava na prorrogação, eles mais uma vez me convidaram para encontrá-los na praia no dia seguinte.
Na verdade eu não sei se estava com saco para isso, já tínhamos gastado três dias conversando e o momento máximo tinha sido a meia dúzia de vezes que pude ver, de relance, os peitos da Michele. Bem, amanhã eu vejo isso, se estarei com vontade de ir ou não.
À noite resolvi parar de ser cuzão e saí com o pessoal. Eles me perguntaram o quem eu tinha conhecido, porque tinha desaparecido e, para não parecer ridículo – uma vez que passar todos os dias com um casal desconhecido soava ridículo – inventei uma desculpa qualquer que eles, pra não prolongar a conversa, nem questionaram.
Como fui dormir meio tarde, acabei acordando depois do horário que tinha me habituado e, olhando no relógio, já seria o horário de me encontrar com o Celso e a Michele. Não tinha muita certeza se estava a fim, mas o dia estava bonito e, o que de melhor poderia fazer? Se não tinha nada de melhor, então pior não seria.
Peguei o nada que eu levava todos os dias – uma camiseta, um chinelo e algum dinheiro – e fui ao encontro do meu tédio de cada dia.
Ao longe vi que eles já estavam lá. O Celso sentado lendo um jornal e a Michele tomando sol de costas. Quando vi que ela estava usando o mesmo biquíni amarelo algo em mim se empolgou.
Cheguei, cumprimentei todos e me desculpei pelo atraso. Falei que tinha saído com os meus amigos, chegado tarde e, assim, perdido o horário. O Celso disse que a Michele havia comentado com ele que eu não viria mais, que provavelmente eu estava entediado em gastar toda as minhas férias com um casal, um vez que eu cara solteiro queria era aproveitar com as gatinhas. Respondi polidamente que não tinha nada a ver, e ela apenas nos – me? – deu um sorrizinho.
Celso tirou de sua bolsa uma cerveja, me deu, e perguntou se eu não topava voltar para a praia que tínhamos ido dois dias antes, pois lá era mais gostoso, e eles estavam querendo explorá-la até o final. Topei, só pedi para esperarmos um pouco, para eu terminar a minha latinha.
A Michele pediu uma também, fiz-me de educado e peguei para entregar-lhe. Ao virar-me, vi que mais uma vez os seis tinham escapados, mas dessa vez ela não tinha feito esforço algum para recolocá-los no lugar, esperou pegar a latinha para só depois, se ajeitar. Percebi então que eu tinha ficado encarando-os, e me virei sem graça, pois percebi também que o Celso tinha visto isso.
Mas o cara nem disse nada, parecia que nem se importava. Pior, parecia que o cara tinha gostado. Povo estranho esse, mas, se for assim, problema deles, eu que não vou deixar de olhar.
Nisso terminamos nossas cervejas e seguimos o caminho das pedras. Do lado de lá estava ainda mais vazio que da última vez, definitivamente parecia que aquele lugar não atraia os turistas. Colocamos nossas coisas num ponto da areia e o Celso me disse que iria entrar na água e convidou eu e a Michele para irmos. Ela topou e eu achei melhor não, pois tinha que cuidar das coisas deles, mas eles insistiram, nessa praia não aparecia quase ninguém e, se víssemos alguém aparecendo, sairíamos do mar.
É, era um bom argumento, e fui com eles. A água era super limpa, as ondas eram fortes na medida certa, uma delícia. O único porém é que ela um pouco gelada, mesmo para um dia quente como aquele, mas rapidinho dava pra se acostumar com a temperatura dela, e ficava bem agradável.
Ficamos brincando lá, eu um pouco a frente deles. Pude notar que a cada onda um pouco mais forte o biquíni da Michele subia e ela nem mais se importava, deixava os peitos a mostra por diversos segundos, para daí arrumá-los. O Celso, por outro lado, parecia apreciar a situação, pois apenas ria, e a beijava arduamente, como se eu não estivesse lá.
Toda aquela brincadeira estava me excitando, e me aproximei deles, mesmo achando que com isso talvez eles acalmassem um pouco, mas nem era isso que aconteceu. Ao me ver aproximando, Michele me chamou para ficar com eles, e logo nisso veio uma outra onda que, obviamente, ergueu a parte de cima do sei biquíni.
Foi ali que eu percebi que ela já não ligava mais pra isso, pois apesar de perceber o ocorrido, ficou apenas me olhando diretamente nos olhos, vendo que eu estava completamente hipnotizado por seus seios. E mesmo assim não os cobriu, apenas sorriu maliciosamente.
Eu iria ficar maluco daquele jeito. Por baixo d’água eu já estava de pau duro, principalmente depois de encarar aqueles peitos grandes e com os bicos duros apontados em minha direção, como se isso quisesse dizer alguma coisa. Se queria ou não, difícil dizer, mas controlar a libido é foda.
Cheguei mais perto dela e, uma onda um pouco mais forte desequilibrou-a, jogando em minha direção. No reflexo segurei-a, mas uma de minhas mãos foi diretamente ao seu peito, segurando-o com vontade. Foi apenas um instante, um lapso temporal curto, mas foi o suficiente para perceber que eles eram duros e deliciosos e que ela havia gostado, pois não havia feito qualquer movimento para se soltar. Nesse momento percebi que estava indo tudo um pouco longe demais e olhei para o Celso, que aparentemente nem tinha percebido, pois estava um pouco mais à direita, divertindo-se sozinho.
A Michele então disse ao Celso para eles irem mais ao fundo, pois ela queria nadar um pouco, pedido recusado pelo fato dele não saber nadar. Ela então me convidou para eu ir, e percebendo que o Celso não havia feito nenhuma objeção, aceitei.
Essa história estava indo longe demais, pensei. O cara tem uma noiva gostosa, que fica com os peitos de fora o tempo todo na minha frente e não liga. E ela parece que estava se divertindo com a história toda, em abusar o noivo e me excitar. E eu nisso? Bem, não tinha nada a perder, certo? Então beleza, vamos ver até onde isso vai.
Rumamos mais uns 15 metros em direção ao fundo, mas a sensação que nos passava é que a profundidade não mudava muito. A água continuava deliciosa e, na pior das hipóteses, eu estava me relaxando, e muito, por lá.
As ondas estavam vindo cada vez mais fortes, e a Michele falou que queria mergulhar por debaixo delas, tal como eu costumava fazer quando era mais criança. A primeira veio e ela pôs-se a rompê-la. Ao surgir da água, uns dois metros mais a frente, não foi surpresa que mais uma vez teu biquíni subira, porém dessa vez ela apenas olhou, comentou que estava complicado ficar arrumando toda hora, deu um sorriso e deixou-o da mesma forma. Agora eu tinha certeza que ela estava é numa brincadeira de sedução que eu não sabia aonde chegaria, mas que decidira participar mais ativamente.
No próximo mergulho dela, acompanhei-a, surgindo ao seu lado, quase nos trombando. Dei uma olhada rápida para ver onde o Celso estava e vi que tinha ido mais para o raso ainda, num local onde ele podia nos ver, mas não com precisão de detalhes. Paciência, meu amigo.
Sabe aquelas brincadeiras infantis, onde a molecada fica jogando um o outro na água? Foi o que ela começou a fazer comigo, numa hora que eu estava de costas, ela me empurrou e me derrubou. Era o mote necessário para iniciar um contato físico mais intenso.
Levantei-me, fingindo contrariedade e disse que iria descontar. Parte de um teatro, ela pediu para eu não fazer isso e tentou se afastar de mim, o que não foi suficiente. Agarrei-a no colo, levantando-a acima da linha da água e, na onda seguinte, joguei-a.
Enquanto a segurava, aproveitei para por a mão na sua bunda, e a vontade no momento não era de jogá-la e sim de agarrar mais ainda, arrancar aquele biquíni amarelo provocativo e comê-la lá mesmo, no meio do mar, pouco importando se o noivo dela estivesse perto. Mas o querer nem sempre é possível, e precisamos controlar as vontades, e os hormônios, o que é mais difícil.
Ela levantou-se da água mais uma vez com o top fora de lugar, porém sem se importar com isso, veio pra cima de mim, jogando água, coisa que eu retribuí. Algumas vezes quando criança fazia esse tipo de coisa, com meus irmãos, primos ou amigos, mas nunca imaginara que poderia ser tão divertido fazer isso depois de velho.
Preparei-me depois para carregá-la novamente mas, num instinto de auto-defesa – ou que diabos possa ter sido –, ela virou-se de costas para mim, permitindo que eu a abraçasse por detrás. Na “tentativa” de afastar os braços dela, que protegiam seu corpo, agarrei seus peitos nus, segurando-os com gosto ao mesmo tempo em que encaixei meu pau na sua bunda.
O que já estava duro ficou mais, por isso mesmo tenho certeza que ela sentiu. E na sua tentativa de escapar, a única coisa que conseguiu foi ficar se esfregando em mim, me excitando cada vez mais. Pior era que a putinha estava gostando, não só da esfregação, mas da situação toda, de estar fazendo aquilo com um estranho a céu aberto e a poucos metros do seu noivo. Gostava sim porque as tentativas dela se livrar de mim era apenas fingimento, se ela quisesse poderia fazer mais força – mas quem disse que ela queria.
Aproveitando essa encenação, lentamente fui abaixando uma das minhas mãos, esfregando-a pelo seu corpo, passando pela barriga até chegar à parte de baixo do seu biquíni. Notei nesse instante que ela deu uma parada, e também me contive por um segundo, mas, ao ver que tinha sido uma reação automática, passei minhas mãos por sua coxa e quando estava me aproximando de sua virilha, ouvimos o Celso chamando.
Ela imediatamente se livrou de mim, ao que não ofereci a menos resistência e, com cara de quem não estava fazendo nada de errado, foi ao encontro dele que, já na areia, também não demonstrava estar contrariado. Ele disse que estava com fome e que queria ir embora. Convidaram-me novamente para o almoço, do qual declinei, mas Michele disse que fazia questão que eu saísse com eles à noite, então era para eu passar na casa deles por volta das seis.
Agora definitivamente eu estava embasbacado e não entendia mais porra nenhuma do que estava acontecendo. Aquela mulher gata parecia que queria dar pra mim na frente do cara, que pior, parecia também que ele não estava nem ai, ou apoiava e curtia. Claro eu estava aproveitando e gostando, porém, convenhamos, é muito estranho isso, surreal.
Parte de mim queria era ter arrancado aquela calcinha e comido ela na água mesmo, mas outra, aquela mais racional, temia o que poderia dar naquilo. Nunca tinha passado por nada assim e nem ninguém que eu conheça tinha me contado.
Bem, o jeito era ir pro apartamento, dar uma ‘aliviada’ que ninguém é de ferro e descansar um pouco. Depois eu penso o que faço quando for pra casa deles.
E por volta das seis eu fui para a casa dos dois. Como tudo naquele lugar, não durava mais do que alguns minutos de caminhada. Era um pequeno chalé, daqueles que eram usados para aluguel em temporada e, provavelmente não deveria haver mais do que um quarto, uma cozinha e um banheiro. Parei defronte o portão, chamei-os e a voz do Celso me disse para entrar. Abri então o pequeno portão, não dei mais do que dez passos até porta principal, que abri e entrei.
Como eu tinha previsto, tinha uma cama de casal e uma de solteiro, um projeto de cozinha integrado e uma porta que, com certeza, dava ao banheiro. Estava o Celso sentado na cama de solteiro, mexendo em alguma tranqueira eletrônica que eu não conseguia reconhecer e a Michele estava no banho.
Ele disse para eu me sentar, e assim o fiz na de casal. Logo a Michele saiu do banho, vestindo apenas uma camiseta branca. Veio até mim, deu-me um beijo no rosto, outro no noivo e sentou-se perto de mim, na cama de casal. Perguntou então para ele se estava conseguindo consertar o sei-lá-o-que-fosse, só recebendo uma negativa de cabeça e um semblante desanimado.
Michele começou então a conversar comigo e me pediu se podia fazer-lhe um favor. Disse que sim, qual seria, e era se eu podia lhe passar um creme pós sol, pois estava com a pele ardida e o Celso estava ocupado. Não sei por que eu me surpreendi com o pedido, e disse que não haveria problemas.
Foi então ao banheiro, pegou um pote que deveria ser o tal creme e me deu. Sentou-se de costas para mim e tirou a camiseta, ficando apenas de calcinha. Celso olhou para ela e soltou uma interjeição, mas a resposta da Michele foi que não tinha nada ali que eu ainda não tivesse visto nesses dias.
Comecei a passar o creme nas costas dela, com bastante calma, e o silêncio que estava no ambiente era um pouco incômodo, parecia até que dava para ouvir a respiração de todos. Quando terminei, ela virou-se de frente para mim, e falou que era para passar nas pernas delas. Apesar das pernas serem incríveis, não tinha como não estar vidrado nos seus peitos, grandes e com os bicos rígidos. Tanto que mal percebi quando subi demais as mãos por sua coxa e toquei sua boceta por cima da calcinha.
Foi possível perceber que ela não tinha se incomodado, principalmente pelo olhar que me deu. Além disso, pela posição que estávamos, não tinha como Celso ter certeza do que estava acontecendo. Continuei a acariciar a coxa, dando sempre uma “subidinha”, até ela me pedir para passar na sua barriga.
Um pouco decepcionado, respondi ao pedido dela, mas também não perdi a oportunidade de subir mais e “passar” o creme eu seus peitos. Apesar de não ser a primeira vez que os tocava, pude fazê-lo com mais calma, sentir sua textura, sua forma. Passava os dedos pelos bicos e sentia que seu coração estava acelerado e seus olhos fechados.
Chegou a um ponto que eu não sabia mais para onde ir. O próximo passo seria agarrá-la, beijá-la e tirar a sua calcinha, mas será que era para eu fazer isso? Ela estava gostando e permitindo, mas o Celso continuava ao nosso lado, como se nada estivesse acontecendo. Os pontos de passagem de creme estavam acabando, e agora, o que me restava a fazer? Será que ela estava me testando ou esperando que eu tomasse o próximo passo? Michele não se movia, apenas curtia.
O silêncio massacrava. Eu sentia cada batida do seu coração, cada inspiração, cada expiração. Num lampejo, pedi para ela deitar-se de costas, pois não tinha sido possível passar na parte de trás de sua coxa, isto é, na sua bunda. Se iria resolver algo não sei, mas pelo menos ganharia um tempo para pensar.
Ela se deitou, derramei o creme em sua bunda e retomei o ritual. Seu noivo deu uma leve olhada, mas logo retomou seu serviço, que parecia nunca acabar. Não sei se ele estava de olho na gente, mas, caso fosse, seria muito mais simples parar com aquela coisa. Estava esquisito tudo, ele não me impedia de bolinar sua noiva, mas não saía de lá para eu comê-la.
Sabe a hora em que você começa a pensar com a cabeça de baixo? Então, daí não existe mais lógica, razão ou o caralho. Bem, pra ser mais preciso a única coisa que existe nessa hora é o caralho mesmo, pois comecei a abaixar, bem lentamente, a sua calcinha. Já a tinha descido alguns centímetros, alternando uma movimentada com uma massagem, já que nessa hora o creme nem existia mais quando, pra foder tudo – ou pra não foder nada – Celso falou que tinha desistido de arrumar aquela porcaria e que iria trocar de roupa para sairmos.
Assim, ele se levantou e entrou no banheiro. Nisso, a Michele também se levantou, virou para mim e disse: “amanhã...” e me deu um beijo, enfiando sua língua fundo em minha boca, por alguns segundos. Após, saiu da cama e foi até uma mala que estava aos pés da mesma, pegar uma roupa para vestir.
Saímos, conversamos, sentamos num bar para tomar uma cerveja e comer. Eu estava completamente aéreo, pois aquela coisa de quase foda tinha me deixado louco, estava excitado ao extremo, acho que se ela tocasse meu pau naquele minuto, ele explodiria no mais violento e intenso gozo da minha vida. Por outro lado, aquela palavra “amanhã” ressoava em minha mente.
Era cedo quando eles resolveram ir embora, e eu fui pra casa sozinho. E apesar de nunca querer ser um corno como o Celso, o invejei naquela noite, pois sei que ele iria comer aquela gostosa por horas, diferentemente de mim.
Mal dormi, pois a única coisa que conseguia pensar era na Michele. É incrível como o homem é vulnerável quando se trata de sexo, se existe algo que nos quebra as pernas e nos deixa como idiotas é uma mulher que sabe como seduzir. E aquela sabia muito bem.
Finalmente, pelo meio da madrugada consegui pegar no sono e, obviamente, sonhei com sexo a noite toda.
Tínhamos combinado de nos encontrar na praia por volta de umas 9 horas, e hoje com certeza eu seria pontual. Cheguei e eles não estavam, estranhei, mas lembrei que um dia eles também tinham atrasado. Sentei na areia, comprei uma latinha de cerveja de um vendedor que passava e fiquei esperando.
Passava das 10 quando eu comecei a ficar preocupado. Bem, preocupado é mais uma maneira de dizer, porque eu estava mesmo era querendo comer a Michele o mais rápido possível. Decidi então ir até a casa deles, descobrir o que tinha acontecido.
Ao chegar lá estranhei ao encontrar o portão com um cadeado e o carro deles não estar mais lá. Olhei de um lado, olhei do outro, bati palmas, chamei, até que parou um senhor, dizendo que o casal que estava ali tinha ido embora na noite passada, que tinha até deixado as chaves com ele, agradecendo pela estadia.
Estupefato, saí sem dizer uma palavra, sem rumo. O que tinha acontecido? Será que eu tinha sido parte de algum bizarro jogo erótico dos dois? Que tudo era planejado em seus mínimos detalhes e eu, tinha sido usado por eles? Será que cada movimento deles, cada convite, já não havia sido previamente combinado por eles, que se divertiam com tudo e com as minhas reações? Será que eu tinha sido o primeiro a cair nessa, ou já eram experts nisso tudo?
Será, inclusive, que aquele biquíni amarelo não era uma parte da encenação? É, nunca saberei...
...Mas nunca esquecerei dele, isso pode ter certeza.

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